Pergunta fundamental: Seu método de estudo é eficiente?

Quarta, 17 de agosto de 2022

A grande maioria dos estudantes, e não só para a OAB, comete um erro grave quando estão estudando: não avaliam a retenção da informação ao longo da preparação.

Simplesmente deixam para observar se o estudo foi eficiente quando chega a hora da prova. E, verdadeiramente, deixar isso para a véspera da prova é o pior momento para tirar esse tipo de conclusão.

Daqui até a data da prova você terá tempo suficiente para estudar, revisar e corrigir eventuais falhas.

Na hora da prova isso não será mais possível: ali é tudo ou nada!

Estudar não é só assimilar o conteúdo: estudar é algo mais complexo do que isto!

E o é porque é necessário mensurar o desempenho, verificar falhas e as razões destas falhas e avaliar se o progresso segue em um ritmo adequado.

A gestão dos estudos é tão importante quanto o estudo em si, principalmente nesta época de pura instabilidade.

A questão é: você está estudando certo?

Existem muitas formas de avaliar se o estudo está sendo eficiente e se ele vai corresponder à expectativa do estudante, ou seja, se ele será o SUFICIENTE para que o objetivo seja atingido.

Vamos a elas!

1 - Simulados

Um simulado não mente! Ele dá a resposta exatamente em função do que o estudante tem a oferecer. Claro, simulados possuem níveis diferentes, e sempre é importante fazer aqueles capazes de gerar um desafio para o examinando.

Simulados fáceis, com questões não muito complexas, geram uma falsa percepção quanto ao desempenho. Por isso a baliza da dificuldade deve ser sempre a maior possível, exatamente para puxar o nível do estudante para cima, obrigando-o a se preparar mais e melhor.

Ou ponto importante é o de não se contentar com apenas um ou dois simulados: uma visão abrangente da preparação e sua eficiência depende de uma série de simulados, até mesmo para se avaiar a progressão na preparação.

Aqui um ponto importante!

NUNCA um simulado, tomado de forma isolada, proporciona uma visão panorâmica da preparação do estudante. É preciso fazer no mínimo uns 3 ou 4 simulados para que a MÉDIA do desempenho sirva de baliza.

Isso é importante, pois um só simulado abarca um universo restrito do conteúdo, e seu resultado tem alto potencial de gerar uma percepção errada da preparação. Fazer 3 ou mais simulados, e ter uma média boa de desempenho em todos, já proporciona uma visõa mais abrangente do potencial de conhecimento do estudante, o que é melhor em termos de autoavaliação.

2 - Interpretação

Um candidato bem preparado precisa desenvolver uma intimidade com o tipo de questão que vai defrontar. 

Aqui é uma questão de especialização.

Quem vai fazer o Exame de Ordem, por óbvio, irá resolver muitas questões. 

É necessário, claro, se familiarizar com elas.

E isso ocorre quando o SENTIDO dos enunciados e alternativas são compreendidos. Sem essa familiaridade, essa "sintonia fina" quanto as questões, o processo de estudo fica relativamente comprometido, pois o conhecimento (do estudo) precisa ser transposto com fluidez para a resposta de cada pergunta que é apresentada.

Tenham em mente que as questões da prova objetiva da OAB são, preponderantemente, problematizadoras, ou seja, questões em que a solução a ser ofertada depende antes da compreensão de uma situação-problema apresentada no enunciado da questões.

Compreender, portanto, o sentido da pergunta, e o sentido da resposta, é fundamenta.

Aqui vou até um pouco além da prova objetiva, para mencionar a prova subjetiva do XXVI Exame de Ordem em Trabalho.

O quão nojenta foi a peça de trabalho do XXVI Exame de Ordem

Um enunciado intrincado comprometeu o desempenho dos candidatos. Nas redes sociais não surgiu um examinando que não tenha gostado da prova. 

Tecnicamente ela não continha erros, mas sua cognição não estava das melhores, e isso pesou muito.

Entender é fundamental, e isso só é obtido com uma prática real do conteúdo.

3 - Avocação

Como saber, de forma decisiva, se o um método de estudo presta? 

Simples!

O candidato tem a capacidade de, a qualquer momento, avocar a informação, chamá-la para o plano conciente e ser capaz de explicar o conceito.

E isso sem consultar nenhuma fonte externa.

Esse é, sem dúvida, o teste definitivo para averiguar se o método de estudo é eficiente.

E, claro, é o mais difícil de fazer.

Em regra, um estudante consegue evocar uma informação quando está resolvendo uma questão e o conteúdo lhe está sendo apresentado. Ele lê as alternativas e, por associação com a memória, intui qual é a opção correta.

Chamar a informação de cabeça, sem consultar nada e sem ter uma fonte que dê uma pista de qual seria o conteúdo certo a ser lembrado é algo bem mais difícil, que exige um domínio maior do conteúdo.

Essa habilidade, ou nível de domínio, é melhor explicitado quando se consegue dar uma aula sobre o que se estudou. Se a lembrança for estável, a aula é fluída. E isso, na hora da prova, tem um valor inestimável.

4 - Cognição

Existe uma SIGNIFICATIVA diferença entre memorizar e interpretar. 

Muitos métodos apostam em mnemotécnicas, ou seja, na fixação acrítica de conteúdo.

Isso hoje em dia não serve para mais nada. Quem DECORA não consegue evoluir em um problema que envolva uma situação hipotética a ser resolvida.

Essas metodologias precisam ser abandonadas.

A cognição, ou o domínio do conteúdo, se faz de forma CRÍTICA, ou seja, pensando o problema junto com sua aplicabilidade jurídica. E isso só é obtido de forma reflexiva, quando o candidato pensa o problema.

Obvimente, isso demanda uma metodologia que vá além da mera memorização e também, por certo, mais tempo de estudo.

Isso significa dizer que qualquer método de estudo simplificado, acelerado ou similar simplesmente não presta. Estudar demanda tempo, foco e reflexão, e não tão somente a fixação robótica de conteúdo.

Se você consegue refletir sobre o que estudou, está no caminho certo. Se você apenas decorou, com o uso de mnemotécnicas, isso vai lhe custar um preço alto com questões um pouco mais elaboradas.